quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016



Estação de Baturité


De tantas do mundo,
A estação da cidade.
O primeiro presente
Do imperador
Para o maciço.
O trem:a poesia
Em movimento.


Causou reboliço, 
Barulho, fuxico.
Dividiu o trabalho,
Separou os homens
O algodão e o café.
Em baixo lacaios, peões
Em cima os chefes, barões.


Estação.
Grande estaca 
aberta na mata.
Linha-tronco
Que se projeta
Cortando veredas
Unindo o povo e a terra.


Feita para Chegadas
E partidas
De um tempo remoto,
De gente louçã
Onde o que sobrou
So se sabe de ouvir contar.


Sobras...
Abertas em pedras
Inscritas nos eixos,
Nos bancos virados
Quando nao se quer encarar.


Vidas...  
Riqueza conhecida
Oculta em paredes
Desnudas.


Expectativas. 
Um pensar outro
Imemorial
De longinquos ancestrais.


Vozes guardadas 
Em malas de viagem,
Soltas em bancos
Fragilizados pelo tempo.  


Sino,
Gritando insistente,
lembrando aos passantes
A hora de passar.


Hoje
Dor mentes roubados,
Sussurros suados
escusos
Ali, atrás. 

Vitrais desped(r)açados.
Ante o regalo...

Violenta-se
Com a mão
A arte do artesão.


Paixões escondidas
Nos muros...excita
Amores a vagar.


E a Vênus de Milo
Da roda dos amigos 
da vida vivida,
Emudece ao olhar

O tempo de hoje
Bem triste...distante.
Que aos olhos andantes
Só restam contemplar.

Lise Souza

7 comentários:

Mirleno disse...

Sei sobre ela (a estação), por meio de "um grupo do ouvi dizer"; e fiquei comovido. Quanto ao poema, sei de sua idealização e materialização por meio de um "grupo da vida vivida"; e sinto-me agradecido. Parabéns!!! Lindo o poema...

Mirleno disse...

Sei sobre ela (a estação), por meio de "um grupo do ouvi dizer"; e fiquei comovido. Quanto ao poema, sei de sua idealização e materialização por meio de um "grupo da vida vivida"; e sinto-me agradecido. Parabéns!!! Lindo o poema...

Unknown disse...

A construção de um poema pelo ouvir dizer e pela vida vivida é o que há de mais rico na expressão de um sentir. Viver esse poema foi lindo. Adorei!

Unknown disse...

Ah,Lise de poemas lindos, escrita rebuscada que nos diz tanto da vida,do amor das gentes...
Junto dessas fotos,sobra beleza!Quando ê que esse material sai do blog e salta em um livro?

Unknown disse...

Ah,Lise de poemas lindos, escrita rebuscada que nos diz tanto da vida,do amor das gentes...
Junto dessas fotos,sobra beleza!Quando ê que esse material sai do blog e salta em um livro?

CASA DA LEE disse...

A vida em sua mais sublime expressão... palavras que traduzem o cotidiano e ficam no coração.. a escuta do outo transformando a visão do foi, do que restou, do que é.
Parabéns lise, sua sensibilidade transformando a dura realidade em arte!!

Carlos Delfino disse...

Estive visitando seu Blog, escolhi este post por ser mineiro, amante do passear de trem, ler um livro no balançar dos vagões, ritmado pelo, trac-trac das rodas nas emendas dos trilhos.

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.