domingo, 29 de novembro de 2015
OÁSIS
Quando adolescente, pegava uma magrela emprestada e ia te visitar...
Você sim...sitio do meu avô.
Nunca vi sua casa com brilho...
Sempre fostes assim: desajeitado, maltrapilho, tosco.
Confesso que tinha vontade de fazer algo por ti.
Queria enche-lo de cores e de vida...tudo parecia tão seco! Seco de tudo.
Como podia nos finais de semana chegarem à casa de Itaiçaba tantas espigas de milho, tantas fileiras de feijão, melões e que tais..? Haveria um oásis em ti escondido?
Só uma vez te vi florido.
Foi na primeira vez que te vi.
Estava de mãos dadas com o meu avô. De repente ele soltou a minha mão de menina e me pediu para esperar ali no quintal de ti...
Vi-o metido em calça e camisa de linho branco, atravessando teu mato verde, cheio de flores e de cheiros,até chegar a um pequeno catavento.
O olhar de cientista do meu avô que era cego, dava conta de como deveria ser o funcionamento de todas as coisas. Rapidamente deu instruções ao agricultor de como fazer o que tinha de ser feito.
Minha perplexidade de criança nada entendia, apenas admirava.
Registrei na minha memória esse acontecimento.
Foi a última vez que vi o meu avô.
Hoje na minha adultez ainda pueril, passo em frente a ti.
Tento aproximar-me do local onde vi meu avô pela última vez..procuro registrar foto...gráfica...mente...
o que para sempre estará registrado na minha memória de criança.
Não o vejo
O tempo é seco.
A vida parece ter saído dali.
Apenas um cachorro solitário toma conta vigilante.
Mas...e o oásis
Ainda existe?
Sim.
Pelo menos dentro de mim.
Lise
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6 comentários:
Lise Mary querida,
Para nossa felicidade, o oasis esta aí em voce inteirinha.Seus contos são lindos!
Para nossa felicidade, o oasis está aí querida...inteirinho!Belos textos e fotografias!
Obrigada pelo incentivo querida Ruth.
Obrigada pelo incentivo querida Ruth.
Lindo!
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