sábado, 13 de novembro de 2021

Yggdrasil

Noite inspirada
que move a procura:
lanterna em mãos.
Um mar de sentimentos
tão antigos, tão profundos
circulam em ondas radiosas
em torno de mim.
A cada passo uma luz
Eros na companhia.
Pequenas estrelas
em profusão
a lumiar a busca.
O vento passeia
sobre o corpo leve
floreando meus cabelos.
Sigo em passos claros
pela escuridão da noite
ao encontro da vida
dentro de mim.
L

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Alma

um acorde
dois. tres.
e a magia se fez.

sons de mnemosine.
tempos de juventude.
a vida desabrochando
em pura plenitude.

reminicencias da alma
que sempre esteve ali
incessantemente
a pulsar.

reconhecimento.
rosto que se vê
com olhos saudosos de si.
voltando e retomando o seu lugar.
L

Asas

como pode assim tão perto?
assim tão dentro
assim tão pele?
sendo alma
Sendo-se reconhecimento
sem ver, vendo em cego vôo?

Como pode assim tão próximo?
desconhecidamente familar
e ao mesmo tempo só fruição
sem perguntas do que ou como?
simplesmente sem se saber o que dizer?

como pode assim 
como restinga da marambaia
como mar, como gota de chuva
a tamborilar em notas azuis?

como pode
comigo, nesse sem
permanente sem
com isso tudo?

sentindo sem saber
vivendo um intante
de suspenso cotidiano,
encontro terra de tesousos
sem fim.
11.11.2021

a boca do fundo

buraco fundo
como estômago alto,
latejante.
Lingua largada.
Cansada.
Mente que desassossega.
estenuante.
O mundo gira
a solidão das imagens:
passado que não volta mais.
Presente: ente sem brilho
futuro em i so lamento.
vazio cheio de presenças
ausentes de mim...
E eu aqui, a tentar descobrir
o melhor jeito
de ainda desejar.
11.11.2021

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Madrugada



a noite aprofundada
o céu estrelado.
o silêncio
em assovios contraditórios.
licença pedida 
nem sempre concedida
para escutar.

o ar cheira leveza
frio clamando aconchego
possível pelos pés
em coberta.
mais que humanos
comparecem
aquecendo o coração.

o vento em revoada
portas que falam
arautos que o saudam.

A rede em casulo
aberta ao acolhimento.
cabine do sonhar.

A espera pelo amanhecer
e a vontade de varar a noite
pela floresta adentro
ao encontro de mim.

Lise
30 de outubro de 2021 3:26

Encantamento

Algo que arrebata. Suspende.
Traz a alegria de volta.
O emponderar-se presente.

Mãos prontas para acolher. 
Sentir-se dentro e perto.
Fora e florescendo.
Sempre, agora e muito mais.

Voz que se projeta para dentro
Sonho reparador
Vontade de ver, de viver.
Felicidade colorindo a dor.

Notas azuis a perseguir
acordes sem fim.
vozes e trinado
em dueto enroscados.

Almas enlevadas
em noite enluarada.
Lise




domingo, 27 de março de 2016




Sina

Amor
da alegria,
do riso solto,
de philia:
Amor desenvolto.


Que incendeia o corpo
e aquieta a alma...
amor da conversa,
do convívio,
do sentir-se abençoado:
Vivo.



Amor de viajar...
de correr mundo
Com o olhar curioso.
Também de silencio,
Cônscio:
aconchegado, enroscado....


Amor do descanso,
do porto seguro
Em mar revolto.
Amor da escuta
ancorada em remanso.


Amor
desses de sina
sina dhármica,
sina de sorte:
Sina.

Lise Mary

quarta-feira, 9 de março de 2016

Impressões



IMPRESSÕES

Pensar que o livro vem primeiro que a escola parece uma digressão tão óbvia, que não chamaria tanta atenção, não fosse exatamente por isso. O presente texto é resultado dessa provocação, desse pensar despretensioso, em que construo algo das primeiras impressões sobre a Educação. Não é possível pensá-la sem o ente que a precede: o livro.

Compreender que todos os livros são fruto de construções históricas, políticas, sociais, econômicas e ideológicas, é fato. Para além, entendê-lo como efeito de práticas discursivas, remete-me à pergunta sobre quem está por trás da obra. Quem é o autor e o que ele representa no universo geral da palavra historicamente dada?

Em conferência para os membros da sociedade francesa de filosofia, M. Foucault através do texto “Que é o autor?” explicita que trata-se da abertura de um espaço onde o sujeito que escreve não para de desaparecer. Para ele a produção do autor constitui o momento crucial da individualização na história das idéias, dos conhecimentos, das literaturas, e também na história das filosofias e das ciências. Dizer que uma narrativa tem um autor, ou que “isso foi escrito por fulano”, significa que trata-se de um discurso que deve ser recebido de uma determinada maneira, em uma determinada cultura e possuir certo estatuto, nos lembra Foucault.

Os autores da modernidade, contribuíram para erigir as bases das concepções sobre educação, como as temos nos dias atuais e a contemporaneidade termina por atravessar todas elas, dando-lhe um arcabouço desafiante e complexo.

Castro Alves em seu poema O Livro e a América, extraído da obra “Espumas Flutuantes” fala da presença das teorias iluministas que impulsionaram o desenvolvimento da modernidade, dos seus ícones e respectivos livros:

"Filhos do sec'lo das luzes!
Filhos da Grande nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro — esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo...
Eólo de pensamentos,
Que abrira a gruta dos ventos
Donde a Igualdade voou!...
“(...) Por uma fatalidade
Dessas que descem de além,
O sec'lo, que viu Colombo,
Viu Guttenberg também.
Quando no tosco estaleiro
Da Alemanha o velho obreiro
A ave da imprensa gerou...
O Genovês salta os mares...
Busca um ninho entre os palmares
E a pátria da imprensa achou...
Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto —
As almas buscam beber..."

Diante da grandeza do poema, que tão bem retrata as revoluções que principiaram as correntes de pensamento da modernidade, dou-me conta da complexidade do campo da educação e uma sensação curiosa me invade, como a de um descobridor português dos primeiros tempos.

O que dirá Rosseau, em seu Contrato Social sobre o que é ser homem ou cidadão? Sei algo sobre O Emílio e a infância que é, para Rousseau, uma categoria escolhida meticulosamente para operar o pensamento sobre a condição humana. Que descobertas me esperam no Contrato Social?

Augusto Comte cunhou as bases da positividade científica do conhecimento, onde os fatos científicos são baseados nos predicados observáveis das coisas, devendo ser também observações controláveis. Sua postulação da ordem como fenômeno básico da realidade e como valor supremo para a conduta, revela um conservadorismo que com certeza trará rebatimentos nas concepções sobre educação.

O que dizer de Charles Darwin e a sua ideia do evolucionismo social? Sempre quis ler esse livro. Um livro grande e volumoso, de capa dura, que insinuava-se a mim todas as vezes que ia a uma certa livraria. Agora ele se torna obrigatório: um ritual de passagem nessa jornada doutoral.

Marx, seu Manifesto Comunista e o Capital, são obras camaradas. Fruto maduro, pronto para comer em minha linha de pesquisa: Marxismo e Formação do Educador, do Programa de Doutorado em Educação da Universidade Estadual do Ceará.

Sobre aquele que dizem explicar tudo?
Sigmund Freud, esse sim companheiro de alcova, das minhas noites insones, das leituras intermináveis, por dever de ofício e cheias de lacunas, tal como Pênia e Poros citados no Banquete de Platão, cuja descrição da relação, resgata a idéia do encontro faltante e desejoso.

O que dizer da psicanálise e sua relação com a Educação? Lembro-me que Freud nos diz que existem 3 tarefas impossíveis: Educar, psicanalisar e governar, uma vez que a práxis de cada uma se dá em torno da palavra. Se a psicanalise parte da premissa de que qualquer comunicação tem por excelência o ruído e que o mal entendido não é contingente ou eventual e sim estrutural, compreender a educação nessa perspectiva, não seria transformar a impossibilidade em porta aberta para o estabelecimento do novo?

Albert Einstein criou a teoria da relatividade, da simultaneidade, revolucionando as concepções de espaço e tempo. Além disso, canalizou os primeiros estudos sobre a teoria quântica. Que pontes entre a teoria da relatividade e as concepções de educação poderão ser atravessadas nesse estudo?

Tantos outros autores e obras, múltiplos aspectos e perspectivas, da modernidade à contemporaneidade, todas elas articuladas a um projeto de conhecer a educação brasileira.

Leio novamente Castro Alves que me ajuda a descrever as sensações que tenho diante de tanto aprendizado que está por vir:

"Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe—que faz a palma,
É chuva—que faz o mar.
Vós, que o templo das idéias
Largo — abris às multidões,
P'ra o batismo luminoso
Das grandes revoluções,
Agora que o trem de ferro
Acorda o tigre no cerro
E espanta os caboclos nus,
Fazei desse "rei dos ventos"
—Ginete dos pensamentos,
—Arauto da grande luz!.."

Lise
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sábado, 5 de março de 2016


Nossa Senhora da Boa Viagem


Igreja das minhas lembranças
O cântico entoado,
As vozes arcanjas,
Vibrando em trinado
Colhendo esperanças.

Igreja dos meus serafins,
Seu aroma presente
Nos morcegos, nas flores.
Igreja dos castiçais, dos andores,
Das ladainhas rezadas
Em terço sem fim.

Sua nave enfeitada
De flores do campo
Envolve em presença
Com seu sutil manto,
A Senhora da crença.

Igreja das minhas viagens
Do caminhar tranquilo
Espantando os medos,
Ampliando passagens
Revelando-me segredos.

Tantos casórios, batizados, velórios
Da minha família, pelo menos, alguns.
Compondo cenários promissários
De um tempo por vir.

Igreja das minhas lembranças.
Da avó em seu Jenoflexorio
Suas mantilhas, seus missais,
A fita azul... de filha de Maria
Lembrando - nos de rezar sempre
No início e ao final do dia.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016



Estação de Baturité


De tantas do mundo,
A estação da cidade.
O primeiro presente
Do imperador
Para o maciço.
O trem:a poesia
Em movimento.


Causou reboliço, 
Barulho, fuxico.
Dividiu o trabalho,
Separou os homens
O algodão e o café.
Em baixo lacaios, peões
Em cima os chefes, barões.


Estação.
Grande estaca 
aberta na mata.
Linha-tronco
Que se projeta
Cortando veredas
Unindo o povo e a terra.


Feita para Chegadas
E partidas
De um tempo remoto,
De gente louçã
Onde o que sobrou
So se sabe de ouvir contar.


Sobras...
Abertas em pedras
Inscritas nos eixos,
Nos bancos virados
Quando nao se quer encarar.


Vidas...  
Riqueza conhecida
Oculta em paredes
Desnudas.


Expectativas. 
Um pensar outro
Imemorial
De longinquos ancestrais.


Vozes guardadas 
Em malas de viagem,
Soltas em bancos
Fragilizados pelo tempo.  


Sino,
Gritando insistente,
lembrando aos passantes
A hora de passar.


Hoje
Dor mentes roubados,
Sussurros suados
escusos
Ali, atrás. 

Vitrais desped(r)açados.
Ante o regalo...

Violenta-se
Com a mão
A arte do artesão.


Paixões escondidas
Nos muros...excita
Amores a vagar.


E a Vênus de Milo
Da roda dos amigos 
da vida vivida,
Emudece ao olhar

O tempo de hoje
Bem triste...distante.
Que aos olhos andantes
Só restam contemplar.

Lise Souza

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016



Apresentar um poema, um escrito de alguém é algo da maior delicadeza...
Recebê-lo, algo da maior honra.
Publicizá-lo, uma oportunidade de fazer chegar ao outro, o humano em nós.

Pela primeira vez nesse blogger, Eduardo Quezado!




Anno domini

"Volta...
Antes que o outro venha em direção a mim
Antes que seja tarde para mudar o que foi feito...
Não é fácil não olhar pra trás
Quando se é esperança.

Sei que a direção dos meus olhos segue enganada
Nas idas que dou, sempre ignoro a verdade
Do outro que esmaga sem piedade
Meninos, meninas, solidão, esperança
de que ele volte e voltemos a ser crianças...

Um dia eu serei Ditador do tempo...
E direi: Chega! Devolva a minha ignorância!
A tristeza do brinquedo perdido
esquecida numa merenda no final da tarde...
...
Mas o tempo não tem ouvidos... nada...

Enquanto isso...
Mais um ano se foi...
E eu continuo aqui, parada...
Vivendo uma falsa esperança".
Eduardo Quezado

domingo, 13 de dezembro de 2015


O pé de sapoti

Eis que tu reinas
No quintal ensolarado
Da casa das minhas lembranças.

Em pequena
Gostava de escala-lo.
Queria chegar até a sua copa,
Explora-lo.

Sempre fostes muito convidativo.
Teu caule inclinado
Como um cão
Que cumprimenta quem gosta
Dizia-me:
Venha...
Empondero-te
à subida.

As vezes,
Em horas de nada pra fazer
Me ocorria encontrar-te.

Nos instantes do regresso
Ali ficava a fitar-te.

Minha mãe, meus tios,
meus primos, irmãs e eu...
Todos brincavam em ti e contigo.
Assististes a todas as festas
Realizadas no quintal.
Entregaste a nós
Todos os teus frutos.

Sobrevivente
Às mais fortes cheias,
Às ervas daninhas,
Permaneces.

Nas marcas do teu tronco
A história da minha família.
Lise Mary Soares Souza










O presente da Lena

Eram amigas. Afinal, família Lima é gente conhecida por ser unida.
Lena gostava de se maquiar. Era bonita, vistosa. Filha mais nova de tia Inês.
No dia do casamento de Célia, la veio ela...feliz e com um pacote nas mãos.
Era um conjunto de xícaras de café,  com seus bules e açucareiro.
Célia, feliz com o casório estava a se preparar...
Imagino-a tão linda...Em vestido de noiva rendado...flor de laranjeira no cabelo e  um tanto de expectativas.
Sim, pra vida inteira, junto ao seu amado Alberto.
Lena?
foi viver sua vida...de Mossoro à Dona Leopoldina
Da Fortaleza de outros tempos,
Casou, enviuvou...deixou filhos e netos.
As xícaras?
foram eleitas pela noiva para enfeitar:
Embelezar a nova vida a dois que começava.
Lembranças de um tempo bom.
As xícaras adornaram a vida de Célia,  mesmo nos momentos mais difíceis, de perdas irreparáveis.
Hoje ela me mostra tal adorno,
Contando - me estórias do seu passado feliz.
Prepara as xícaras em cima da mesa,
Posicionando-as como quem arruma uma casinha de bonecas
Apenas para que juntas admiremos esse mimo.
Enquanto
Silenciosamente
Vagueia pelas suas recordações.
Lise Mary


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015





Encontro


Às seis horas da alvorada
E à tardinha
Lá estava ela,
Enrodilhando os cabelos
No alto da cabeça.
Todos os dias.
Impreterivelmente.

Olhando - se no velho espelho
Tomava à mão antigos grampos
encontrando o jeito certo de prende - los
em sua ventura.

Seu ar era silencioso...
Em que estaria pensando?
Talvez na lida da casa,
Em um favor prometido...
Ou em uma providência
Provedora,
Dessas de clarividência,
Que aquieta uma alma sofredora.

Sua tez era solene
Com ar de fidalguia,
Tão inerente às Lima:
Mulheres valentes
De sangue no olho
Do aracati ao camurim.

No coque,
A arte de cozinhar
E a experiência
de ser mãe e avó.

No ato de enrodilhar os cabelos,
O banho tomado,
Exalando cheiro de vó.

Ao término do ato
Punha-se na rede de corda a rezar:
Preces aos seus.

Era nessa hora
Que eu me aproximava.
Ela deixava - me chegar.
Eu sentava ao seu lado
na rede de corda...
Corda de tantos nós.
Nós de contar e de contos
Vovó começava a falar

Seus ditos e não-ditos
Sobre seus pais e irmãos.
Sua meninice
Seus parentes.
Seus filhos
Seus cuidados.
A tempestade e a bonança...

Eu posso ainda ouvir a sua voz.
Seu eco ecoa...
como um sussurro nesse instante.
É como uma epifania,
Uma manifestação inesperada,
Delicada e divina
a invadir - me.
Um regalo
Para meu espanto e encantamento!
Lise Mary Soares Souza

terça-feira, 8 de dezembro de 2015




Cor redor

Todos os Lima
Os Lima Soares
Os Cavalcante Soares
Seus descendentes,
E os primos
Os meus em especial

Eles Sabem
nós sabemos.
O que foi e é.
Esse nosso corredor.

Passagem,

O som das pisadas,
O eco das risadas,
As brincadeiras de esconder

Esse corredor tão grande
foi se tornando pequeno
Ao ver a gente crescer

Passadoiro,

que une o alpendre à sala
Às redes de corda, resvala
ao radio
em som antigo
E à velha cadeira de balançar

Pórtico

Que se banha das frestas de sol
Dos postigos da sala
Como se fosse girassol
Mas
Que escurece cedo
Deixando-se corredor
De morcegos
Filhotes de cruz credo

Corredor de fluir
De querer logo chegar
Expectativa de quem de longe vem
Ao colo da casa entrar.

Lise Mary Soares Souza

domingo, 29 de novembro de 2015

A casa dos meus sonhos



OÁSIS

Quando adolescente, pegava uma magrela emprestada e ia te visitar...
Você sim...sitio do meu avô.
Nunca vi sua casa com brilho...
Sempre fostes assim: desajeitado, maltrapilho, tosco.
Confesso que tinha vontade de fazer algo por ti.
Queria enche-lo de cores e de vida...tudo parecia tão seco! Seco de tudo.
Como podia nos finais de semana chegarem à casa de Itaiçaba tantas espigas de milho, tantas fileiras de feijão, melões e que tais..? Haveria um oásis em ti escondido?

Só uma vez te vi florido.
Foi na primeira vez que te vi.
Estava de mãos dadas com o meu avô. De repente ele soltou a minha mão de menina e me pediu para esperar ali no quintal de ti...
Vi-o metido em calça e camisa de linho branco, atravessando teu mato verde, cheio de flores e de cheiros,até chegar a um pequeno catavento.
O olhar de cientista do meu avô que era cego, dava conta de como deveria ser o funcionamento de todas as coisas. Rapidamente deu instruções ao agricultor de como fazer o que tinha de ser feito.
Minha perplexidade de criança nada entendia, apenas admirava.
Registrei na minha memória esse acontecimento.
Foi a última vez que vi o meu avô.

Hoje na minha adultez ainda pueril, passo em frente a ti.
Tento aproximar-me do local onde vi meu avô pela última vez..procuro registrar foto...gráfica...mente...
o que para sempre estará registrado na minha memória de criança.

Não o vejo
O tempo é seco.
A vida parece ter saído dali.
Apenas um cachorro solitário toma conta vigilante.
Mas...e o oásis
Ainda existe?
Sim.
Pelo menos dentro de mim.

Lise

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Quem Trouxe?


Quando todos os que dela podem falar
Se entenderam como tal...
Ela já estava lá.

Quem trouxe?
Não se sabe.
De onde veio?
De uma certa casa
No Rancho do Povo.

As crianças da família
De geração em geração
Em seu colo se balançaram
Feito ave de arribação.


domingo, 18 de outubro de 2015

O sol de tantas vidas


O sol das carnaúbas.
O vento, a bruma.
Os pássaros.
O silêncio.

O tempo que para
E assiste.
Algo acontece.

Êxtase sem partidas
Colo de braços ancestrais
Como se presentes...

Numa teia enredada
De lembranças
Apacentadas.

Lise



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O Santuário da vovó









Por favor Ducila: Deixe-me arrumar seus santinhos...
Para que eu possa admirar
A forma como foram feitos,
As feições de pureza dos anjinhos
Os castiçais que alumiam a lapinha
Os pedidos em forma de bilhetes
A dedicatória dos missais
E o repeteco de suas ladainhas

- Lise


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